domingo, 22 de janeiro de 2012

Adega dos Caquinhos & Guimarães 2012

A Adega dos Caquinhos, nos últimos dias, semanas e talvez meses, tem andado na boa do mundo. Desde National Geographic, passando pelo New York Times, com repostagens em canais televisivos, como a SIC, RTP1. Contudo, não foi por nenhum destes meios que fui "arrastada". Um amigo vimaranense, que apenas quis  comemorar o seu aniversário entre amigos, deu o mote.


"O Restaurante está escolhido! 
Não podia deixar de vos levar a um dos mais tipicos restaurantes de Guimarães.
Tenho a certeza que vão adorar! 
ADEGA DOS CAQUINHOS "


Assim, na grande noite de abertura da Capital Euopeia da Cultura em Guimarães, cheguei por entre a multidão e as ruas vibrantes de gente e história, à Adega dos Caquinhos!
Já sabia de antemão, e porque a comida havia sido préviamente encomendada, o que me esperava. A ementa, sempre a sair consistia em:
- Bacalhau recheado, lombo e vitela assada no forno.
Depois por encomenda :
- Rojões à moda do Minho, e Arroz de frango de cabidela também muito conhecido a norte, como pica no chão. A escolha recaiu repartida entre o grupo, por Arroz de Frango de Cabidela, Lombo e Bacalhau.
Para beber, era já como certo um tal "pinta beicinhos", vinho verde tinto, que pela sua quantidade de taninos, deixa os lábios e a boca com  uma cor entre o púrpura e o escarlata, ou como dizem os vimaranenes, "ficas com os lábios roxos ou bermelhos".


Quando finalmente nos sentamos à mesa, depois da enorme dificuldade em chegar ao local, o Bacalhau demoraria algum tempo, e  como o Arroz de Frango de Cabidela já havia sido encomendado, e havia vitela e lombo a sair, houve que experimentar e testar os pratos candidatos a delícias.

A azáfama era muita, e como já se ansiava por bebida, fomos informados que a casa, também servia sangria, receita, e tinto verde! Ora o tinto verde, não era nada mais nada menos que o tal "pinta beicinhos".
Mas falemos da comida, que já me despertava a curiosidade e com alguma impaciência, atenuada contudo pela envolvência do ambiente caseiro da casa ( e perdoem-me o pleonasmo e a redundância). Merece destaque o ambiente familiar, e a dona, Augusta de nome.


Vimaranense genuína, no sotaque, no linguajar popular, com o calão na ponta da língua, mas que não ofende de tão característico que é! Mexia-se na cozinha com calma, apesar do ambiente quase alucinado e psicadélico à volta, sem nunca perder o contacto com os clientes e com os tachos, e o belo fogão a lenha presente na cozinha. Sim! Fogão a lenha! Podem imaginar a diferença que faz no sabor de um assado, as memórias que invoca a muitos, eu mesma incluida.

A receita já escorregava, a simples mistura de vinho branco corrente e cerveja de pressão, com açucar adicionado. Fresca como devia estar, a fazer ressoar o copo. Afinal, fez-nos sentir estudantes de novo.
Depois chega o repasto. Que para uma minoria, onde me incluí, era um Arroz de Frango de Cabidela, sem a cabidela. Estórias antigas de pavor ao prato confeccionado com sangue, fizeram-me comer esta versão...


E o que dizer?! Uau?! Cremoso, feito com "frango caseiro", o que é o mesmo que dizer, com frango bilógico, criado em galinheiros ou ao ar livre, com restos de comida, com farelos, mas não de uma forma intensiva, o que lhes confere uma textura e um sabor à carne, completamente únicos. Depois o tempero. Apurado, bem condimentado, a sobressarir a pimenta preta em abundância, que fez toda a diferença. Mas o arroz, cozido no ponto, sem nunca perder a textura, a cremosidade. Fabuloso! Delicioso. A primeira dose no prato fugiu, e aí quis mais. Mais...até, perder o estigma da cabidela, e atacar uma das travessas desde magnifico arroz, já com o sague avinagrado do dito cujo. E pasmei. Para mim só será possível voltar a comer cabidela, se for a da Dona Augusta. Pensei para mim mesma, se a minha mãe vê isto, pasma.

Do lombo e da vitela, a memória do palato não diz muito, a não ser que o lombo, que aos olhos me parecia seco tinha afinal a suculência desejada, com um bom molho, apesar disso não deslumbrar, a vitela não provei, mas também não irei voltar por isso.Saliento apenas as batatas fritas aos cubos, perfeitas, douradas, a revelar oléo de fritura de boa qualidade, e renovado convenientemente. Um receio de muitos neste tipo de locais. tascas, adegas, e afins.

As sobremesas, não tinham muito a falar por si, limitei-me a um queijo com marmelada.Apenas mera formalidade de sobremesa. Não há nada que comentar.Não é importante.

Vale a pena voltar, pelo Arroz de Frango de Cabidela, e talvez para provar o Bacalhau, pela forma de ser genuína da Dona Augusta, pelo preço. Num momento de crise, pagar menos de 15 € por pessoa, por uma iguaria destas...feita no momento, com ingredientes de qualidade, simplesmente, uma delicia.e não inflacionado pelo facto de estar em pleno centro de Guimarães, no dia e hora do espectáculo de abertura da Capital Europeia da Cultura 2012, é de saudar.


E fechando com chave de ouro, nesta abertura de ouro, da Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, se "Aqui Nasceu Portugal", pois para mim, neste dia nasceu o Arroz de Frango de Cabidela.

Delicia?! Pergunta à Patricia! Resposta: Sim, é mesmo uma Delicia!

1 comentário:

  1. Excelente descrição de um espaço que certamente irei visitar. Parabéns pelo blog!

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